Desde criança, Ana Maria de Oliveira Pereira já desenhava o caminho que seguiria. “Lembro que desde criança tinha em mente que seria professora. Brincava com as bonecas, dava aula para elas, tinha um quadro de giz e gostava muito de escrever nele e explicar”, recorda. Ela afirma que nunca pensou em outra profissão. “Se tivesse que escolher novamente, escolheria essa profissão, apesar das dificuldades que permeiam a carreira docente.”
Formada em Geografia, Ana Maria iniciou sua trajetória docente em 1995, lecionando na Educação Básica por quinze anos, em escolas públicas e privadas de Erechim. Sua busca por aprofundamento a levou ao ensino superior, onde atua na formação de novos professores. “Minha missão é formar professores e professoras conscientes do seu papel na sociedade. Atividade que não é fácil, principalmente quando se fala em motivação para que mais pessoas queiram seguir essa carreira. Mas acredito muito na Educação e sei da importância dos docentes na vida das pessoas”, afirma.
Formação acadêmica e trajetória docente
Ao longo da carreira, Ana Maria buscou constante atualização. Concluiu Mestrado em Educação, Doutorado em Diversidade Cultural e Inclusão Social e dois Pós-Doutorados em Educação — um finalizado e outro em andamento até 2026. “Como ser inconcluso que sou, espero poder estudar muito mais”, comenta.
Trabalhou com Ensino de Geografia na Educação Básica durante 15 anos e, em 2012, iniciou sua atuação no Ensino Superior, dedicando-se à formação de novos professores. Para ela, a docência vai além da transmissão de conteúdos: “Formar professores conscientes é o que me move, porque eles terão papel fundamental na transformação da sociedade.”
Experiências marcantes
Ao refletir sobre suas lembranças em sala de aula, Ana Maria valoriza sobretudo o impacto do ensino no cotidiano dos alunos. “Durante todos esses anos, tive várias experiências significativas, mas a melhor de todas é quando encontramos nossos ex-alunos aplicando no dia a dia o que aprenderam em nossas aulas. Estar em sala de aula é algo que gosto muito”, diz, lembrando que cada turma deixa memórias únicas e enriquecedoras.
Transformações na educação
Ana Maria observa mudanças profundas nas relações escolares e na sociedade ao longo das décadas. “Se eu falar de sala de aula como espaço físico, nada mudou. Mas nas relações interpessoais, sim. Vivemos em uma sociedade tecnológica, imediatista e, muitas vezes, insatisfeita. Porém, a construção do conhecimento continua a mesma — exige tempo, reflexão e dedicação”, explica.
Ela destaca o uso das tecnologias digitais como ferramenta pedagógica, mas alerta para o cuidado com seu uso indiscriminado: “Sou entusiasta do uso comedido das tecnologias. Elas podem ser recursos pedagógicos importantes, mas não são a solução para os problemas da Educação. O mesmo vale para a Inteligência Artificial Generativa (IAG). Seu uso sem acompanhamento empobrece o processo de aprendizagem. Precisamos transformar essas tecnologias em estímulos à criticidade, mostrando que são ferramentas, não atalhos para o conhecimento.”
Quanto aos alunos de hoje, Ana Maria observa inquietações distintas das gerações anteriores, reflexo do excesso de informações e do constante contato com telas. “Não há grandes diferenças, mas precisamos trabalhar pedagogicamente com essas realidades, utilizando as tecnologias digitais como estimuladores do pensamento crítico, não apenas como suporte para desenvolver aulas ou trabalhos escolares”, reforça.
O papel do professor
Para Ana Maria, o professor é central à sociedade. “O trabalho educativo é social, histórico, cultural e transformador de realidades. Nosso papel é mediar, com intencionalidade, a construção do conhecimento, a partir dos conteúdos produzidos historicamente. Não é simples, não é senso comum e exige formação para saber o que fazer, quando fazer, como fazer e para que fazer”, detalha.
Ela acredita que ensinar exige rigor, amorosidade, disciplina e presença. “A educação, como experiência humana, precisa de contato com o outro. Não consigo imaginar alguém sem conhecimento pedagógico atuando como professor, muito menos softwares nos substituindo”, afirma.
Perspectivas para o futuro
Ao projetar o futuro da educação, Ana Maria expressa um desejo compartilhado por muitos docentes: maior valorização profissional. “Espero que professores e professoras tenham condições reais de exercer seu trabalho pedagógico, com formação continuada, remuneração adequada e tempo para planejamento e descanso, sem que a burocracia invada suas vidas pessoais. Partindo da afirmação de Paulo Freire de que não há docência sem discência, acredito profundamente na Educação e em tudo o que os professores fazem para que os alunos aprendam”, conclui.
Para Ana Maria, à docência não é apenas uma profissão, mas uma missão de vida. Cada aula, cada aluno e cada experiência reforçam sua convicção de que, se pudesse escolher novamente, seria professora — e continuaria acreditando no poder transformador da Educação.